quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Além da dor do parto

O ultimo post nunca foi tão certeiro... maternar é esperar! E além disso, é ter paciência...
Dez dias depois do ultimo post, minha pequena (FINALMENTE) veio ao mundo! E o primeiro post depois do nascimento dela ainda não vai ser sobre olhar aqueles olhinhos inchados pela primeira vez, nem sobre conseguir o parto normal, ou a dor do parto normal... ou todos meus novos sentimentos e experiências maravilhosas que venho vivido esses dias.

Esse post vai ser sobre a dor que ninguém vê assim tão fácil, ninguém pergunta... Se engana quem pensa que a dor do pré parto começa nas contrações!

Logo que engravidei as pessoas já começaram a perguntar "E você? Vai fazer cesárea ou parto normal?" sempre esperando aquela resposta culturalmente normal, e se espantavam quando eu respondia "Eu quero parto normal!"... Sempre vinha "Nossa, como você é corajosa!", "Nossa, mas PORQUEEEE?", "Nossa, não tenho coragem!", "Sério? Cesárea é tão mais fácil, vai lá, interna e pronto! Nem sente dor!" e sempre tentavam achar uma explicação para a minha opção. Quando eu dizia que era pelo simples fato de que eu tenho medo de cesária me achavam mais doida ainda! Sim, tenho medo de cirurgia... assim como algumas pessoas tem medo de dentista! Medo é medo... nem sempre tem uma justificativa!
A unica diferença é que quando se trata de uma gravidez as pessoas tem interesse, se fosse uma cirurgia pra qualquer outra coisa, ninguém acompanharia tão de perto assim... mas meu medo continuaria o mesmo, porém, não teria opção!

Quando meu interesse por filhos começou a aparecer comecei a ler blogs, relatos de partos, enfim, me informar... e descobri que a cesárea não é a primeira opção, não é o mais saudável, não tem a recuperação mais rápida, então, minha opção de parto aconteceu antes mesmo de eu planejar engravidar!
Eu não gosto da ideia de cirurgia, eu não gosto da ideia de cortar 7 camadas do meu corpo, passar um bebe por dentro desse corte e depois aguardar a recuperação.. Assim, eu comecei a acreditar em mim e em meu corpo, o dia que eu engravidasse, queria parto normal!
Quando descobrimos a gravidez conversei com o Anderson sobre isso, falei sobre a minha vontade de ter parto normal e toda a minha agonia de pensar em cesárea... ele me disse que se fosse o corpo dele, ele faria uma cesárea sem nem pensar, mas que a decisão era minha e ele me apoiaria independente da minha decisão, desde que o bebê não estivesse em risco...

Assim passou a gravidez, a data do parto estava se aproximando, a previsão era 30 de agosto, mas a partir do dia 16 qualquer hora era hora! A expectativa era imeeeeensa... a minha e a das pessoas!!
Foi assim que começou a dor do pré parto!

Eu estava ansiosa, nervosa, queria meu bebê comigo logo, a barriga cansava, as costas doía.. todas essas coisas normais de final de gravidez, mas eu não queria descontar e nem ser grossa com ninguém, muito menos com as pessoas queridas e próximas. Mas aquelas peguntas me irritavam, me incomodavam e eu sabia que não era por mal!
"Seu bebe ainda não nasceu?", "Nossa não nasce nunca?", "Na virada da lua nasce!", "No dia tal nasce!", "Se você fizer isso nasce", "Se comer aquilo nasce!" e assim por diante.. Até a 37º semana eu estava calma e dizia "Relaxa, ela vem no tempo dela!", na 38º semana era "É, a bolsa pode romper a qualquer momento!" junto com um aponta de nervosismo... na 39º eu já estava nervosa e e dava qualquer resposta educada...
Com 39 semanas eu já estava preocupada, "Todo bebe nasce, só o meu não!"... Pedia a Deus calma e paciência, pra tudo acontecer no tempo certo... mesmo que doesse pedir isso! Queria logo, queria naquele momento!
As pessoas começaram a pressionar... eu fiz faxina, fui ao mercado, fui ao zoológico, fui ao parque, fui ao shopping... e nada acontecia! Seguindo as orientações do meu médico "Qualquer dor, barriga dura... vai pro hospital!"... e não tinha contração, não tinha dilatação... meu médico dizia pra eu esperar, ainda tinha tempo!
Mas já tinha 40 semanas! 1 cm de dilatação desde as 38 e nada acontecia... as pessoas diziam que estava passando da hora, que ia fazer cocô, que tem o conhecido de um conhecido que isso, que aquilo!
E eu entrei na pressão, cai no choro, me desesperei e por alguns momentos, desacreditei que ia conseguir! Meu marido segurou as pontas, me acalmou, dizia que tudo daria certo e que não tinha motivo pra ter medo.. nossa pequena ia nascer e tudo ficaria bem!
As pessoas me perguntavam e eu respondia superficialmente, pelo simples fato de que não conseguia falar que estava demorando sem chorar, me desesperar e não queria dividir aquilo com ninguém além do meu marido...
Eu me conformei que eu esperei tudo que poderia esperar (e muito mais que eu queria) e que não era pra ser, o médico agendaria uma cesárea e mesmo que eu não estivesse confortável com a ideia, não era o fim do mundo...
No sábado de manha fui novamente ao hospital escutar o coração da bebê conforme orientado pelo médico... e mais uma vez a mesma coisa, nada de contração, nada de dilação. Porém, o plantonista me disse pra voltar na segunda-feira e meu médico decidia ou eles assumiam a partir dali, então eu tinha uma resposta: na segunda-feira tudo se resolvia!

Neste dia, depois de desencanar um pouco do assunto, sabendo que segunda-feira teria uma resposta finalmente eu relaxei! E assim as coisas aconteceram... as contrações começaram, a dilatação começou...
Quando a médica disse que tinha 4 dedos de dilatação acompanhada da seguinte frase "Fulana vem aqui, olha, da pra ver o cabelinho!!" e que eu internaria, naquela noite minha bebe nasceria! Foi nesse momento que minha força apareceu, SIM, EU IA CONSEGUIR!
Eu desacreditei em mim e me conformei com a cesárea... meu marido já havia acreditado mais em mim que eu mesma até ali! Mas naquele momento minhas forças apareceram... eu faria qualquer coisa pra conseguir aquilo que eu tanto esperei e passar por cima de toda aquela pressão que tanto fizeram, todo o sofrimento e choro calados...

Ali ei acreditei em mim, eu acreditei no meu corpo, eu acreditei em mim como mulher! Tive certeza da minha determinação de tanto tempo e fui totalmente grata por meu marido ter sempre acreditado em mim e me dado forças pra chegar até ali!

O parto dói, dói muito!
A "boa intenção" das pessoas são sempre boas, mas nem sempre nos fazem bem!

A dor do meu parto começou bem antes do dia 5 de setembro!


Prometo contar como foi o parto em breve!